5.9.14

Feira Grátis da Gratidão

Há algum tempo atrás, vi um amigo publicando no Facebook sobre estar doando um objeto X (que não lembro o que era) e cliquei para ver. Tratava-se de um grupo aberto no Facebook. Um grupo de doações.
Cliquei para participar e descobri um movimento muito bacana e é sobre ele que venho falar hoje.


A Feira Grátis da Gratidão é uma feira onde as pessoas levam o que quiserem (ou nada), e pegam o que quiserem (ou nada). 
Como Assim? Assim! É tudo grátis e a moeda de troca é apenas: Gratidão.
Não é uma feira de trocas, não é uma feira de vendas. É apenas doação!
Foi inspirada na Gratiferia, que é uma feira que acontece em Buenos Aires - clique aqui para ver o vídeo
Essa feira tem acontecido cada vez mais em várias cidades no mundo. Ela começou com um evento no Facebook, organizado pelo massoterapeuta Francisco Ottoni (o moço de amarelo na foto acima), que teve a ideia de trazer para o Rio de Janeiro uma Feira inspirada na Gratiferia. Deu certo e desde então, o movimento vem crescendo e se espalhando por ai. O objetivo da feira é promover o desapego e a consciência que o consumo desenfreado em que vivemos não é legal. Aquilo de que não precisamos mais pode ser útil a outros. A organização, parte de um grupo no Facebook que já conta com mais de 11.000 membros. 

Uma vivência sobre confiança, entrega, gratidão e amor. Dar por dar,por se sentir abundante, sem esperar nada em troca. Quando se quer e agradece o que se tem, então se tem o que se quer e se é feliz. - FFG.



Na primeira Feira que eu fui, fiquei mais no meu canto, não conversei muito com as pessoas e não sabia bem como agir - fiquei olhando o movimento. Mas isso foi só na primeira. Levei as roupas, livros e brinquedos que tinha aqui. Conheci gente bonita, de bem com a vida. Voltei para casa com livros maravilhosos e com ótimas lembranças para contar. 
Há um tempo atrás, eu estava separando coisas para doar e tinha uma dó imensa de me desfazer de uns bichinhos de pelúcia. Mas botei na cabeça que não tinha sentido uma mulher da minha idade ficar apegada em um brinquedo enquanto ele podia fazer a alegria de uma criança.
Então levei roupas, livros e brinquedos para a feira e presenciei a cena mais fofa de que posso me lembrar:
Uma menininha se aproximou, abraçou um dos bichinhos e perguntou se podia ficar com ele.
Depois saiu toda feliz abraçada com o bichinho e mais tarde, pelo grupo, soube o quanto ela ficou feliz e agarrada naquele brinquedo que eu ia manter apenas pegando poeira em casa. ♥




Na na penúltima feira que fui, resolvi doar algo não material, doei o que sei fazer: fotografia. E são essas fotos que vocês estão vendo ao longo do texto.
Nas Feiras acontecem várias doações imateriais também: aula de Yoga, abraços grátis, consultorias jurídicas, caricaturas, poesias, oficinas de fotografia, dança, etc... O que a pessoa estiver disposta a doar.
Eu doei fotografias! Fui disposta a registrar as coisas bonitas da feira e postei todas as fotos no grupo. A resposta das pessoas foi muito positiva, ficaram empolgadas comentando, se marcando, compartilhando - e eu passei o dia vendo notificações. Fiquei muito feliz em ver que as pessoas ficaram felizes com as fotos.



Pra mim, tem sido um aprendizado. Constantemente, principalmente perto da data de alguma feira, me pego olhando as coisas ao meu redor em casa pensando se realmente preciso dessas coisas. Olho o guarda roupa em busca de roupas que não uso, que possam servir para alguém... E por ai vai.
Mas além do grande aprendizado que o desapego é, também aprendo a ser mais paciente, mais despreocupada e mais grata. Eu conheci pessoas ótimas no grupo e na feira, algumas que converso sempre. Gente de bem, disposta a fazer o que pode para se doar ao outro, mais do que doar algo material.
O desapego eleva a alma. Ver uma pessoa feliz com algo que não servia para você (que até te incomodava, que era um "entulho" na sua casa) é algo inesperado. Você sente a energia circular.
Em uma época regida pelo capitalismo, é incrível que exista uma feira assim. Esse movimento de consumo consciente, de querer ajudar alguém sem nada em troca a não ser a gratidão.
O capitalismo que coloca um preço em tudo. As pessoas aprendem muito cedo a dar valor ao dinheiro e assim crescem. A moeda de troca na Feira é a gratidão e muita gente não aprendeu a ser grato. É igual o conceito de "ser feliz", que você precisa praticar todos os dias. A gratidão precisa ser praticada e eu acho que a feira está ensinando justamente isso.




Pra entender um pouquinho mais, vou deixar com vocês o vídeo-documentário feito pelos organizadores da Feira de Volta Redonda e com o vídeo da feira de Belo Horizonte.


Espero que não tenha ficado muito longo e/ou cansativo e espero que tenham gostado das fotos.
Mas espero mesmo que tenham gostado do movimento.
Por último, gostaria de frisar que a participação - tanto no grupo, quanto nas feiras - é livre!
Fiquem à vontade para doar, receber, conhecer e participar.
Para facilitar, vou deixar aqui vários links para vocês:

Grupo: Feira Grátis da Gratidão
Página: Feira Grátis da Gratidão
Email: feiragratis@gmail.com
Álbum com mais fotos: Feira Grátis da Gratidão - Edição Estácio
Agenda: Veja onde serão as próximas Feiras
Outros grupos da Feira: Clique aqui para saber se existe um grupo na sua cidade ou estado.
(E se você quiser saber como organizar um grupo em sua cidade, entre em contato com os organizadores que eles te explicam tudinho)


Vamos praticar o desapego?

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Carolina! Na verdade se chama Ana Carolina e não gosta de ser chamada de Ana. Não revela a idade, mas todo mundo diz que aparenta bem menos. Fotógrafa e estudante de Jornalismo. Mudou de área depois de anos insatisfeita com a profissão. Carioca, apaixonante e implicante. Carinha de 8, espírito de 80 anos. Chata, mal humorada e anti-social. Gosta de rimas simples, de frases bobas e é viciada em café. Na vida passada foi um gato tamanha preguiça. Tem mania de ter manias, coleciona coisas inúteis e acha ridículo isso de falar de si mesma em 3º pessoa.

 
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